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A Morte é inevitável

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O homem é o único ser na natureza que tem consciência de que vai morrer, e o futuro da raça humana será muito melhor do que o seu presente. Mesmo sabendo que seus dias estão contados e tudo irá se acabar quando menos espera, o homem faz da vida uma luta digna de um ser eterno. O que as pessoas chamam de vaidade – deixar obras, filhos, fazer com que seu nome não seja esquecido – considero a máxima expressão da dignidade humana.
Acontece que, criatura frágil, ele sempre tenta ocultar de si mesmo a grande certeza da Morte. Não vê que ela é que o motiva a fazer as melhores coisas de sua vida. Tem medo do passo no escuro, do grande terror do desconhecido, e sua única maneira de vencer este medo é esquecer que seus dias estão contados. Não percebe que, com a consciência da Morte, seria capaz de ousar muito mais, de ir muito mais longe nas suas conquistas diárias – porque não tem nada a perder, já que a Morte é inevitável.


Paulo Coelho


.No silêncio do cemitério

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Parque das Palmeiras
Levantei da cama quando o dia estava amanhecendo e decidi ir logo ao cemitério.Estava deserto e só tinha os coveiros. A tranquilidade e o silêncio me ajudaram a rezar um pouco e acender umas velas. Fiquei sozinha com meus pensamentos e as lagartixas que bricavam pelas lápides.
Pensei: como foi bom vim cedinho!  Lá pela tardinha parece mais dia de festa de padroeira. 
É churrasquinho, barraquinhas de cachorro quente, batatinha,cerveja,entre velas e flores.

Fiquei ali a lembrar do passado.Lembrei quando garotinha que adorava dia de Finados. Era o dia em que eu me arrumava toda e ia para o cemitério com uma senhora minha prima e uma tia avó. Confesso que tinha medo e ao mesmo tempo gostava da novidade. 
O danado é que o cemitério ficava situado bem na ladeira que dava acesso a zona da cidade. Nenhuma moça de respeito passava por lá por cima da ladeira, mas dia de Finados era diferente.
 O jazigo da família delas era o mais lindo do cemitério da cidade. E eu achava aquilo tudo lindo. Elas se vestiam a rigor com sapatos e bolsas da moda e ficavam sentadas nos bancos que levavam para passar o dia de plantão no mausoléu, que ficava logo na entrada do cemitério a receber visitas e prosear.   Um verdadeiro dia de festa para mim, que ficava paquerando o dia todo .
 Bom mesmo era ir escondidinha com umas amigas, fumar por trás das catacumbas. Isso era um pecado e eu só tinha uns doze anos.
Com o tempo o velho cemitério foi desativado e as tias também se foram...
Hoje, nossa cidade tem um Cemitério afastado da cidade.  É o solitário Parque das Palmeiras. Uma morada tranquila e rodeada por plantações de cana e o velho Rio Una que passa silencioso bem pertinho dali.
É para onde eu irei um dia, minha última morada.
Por enquanto vou ficando por aqui, nesse mundinho tão lindo...prefiro que minha plaquinha fique muito tempo assim...



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