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Enchente em Palmares
O perdão da dívida?
Cobranças - As multas, por enquanto, estão suspensas. Ainda não se sabe quanto o estado deixará de arrecadar após as enchentes com o "perdão" aos comerciantes das áreas afetadas. Embora a norma seja válida para todos, as microempresas terão tratamento diferenciado. "Elas não receberão visitas dos auditores. Vamos elaborar uma abordagem especial porque nem todos perderam tudo com as chuvas. Muitos desses estabelecimentos possuem escritórios no Recife", disse o secretário executivo.
Ele ressaltou que os comerciantes regulares não precisarão procurar unidades da Secretaria da Fazenda para requerer a prorrogação das arrecadações. "Nós é que iremos procurá-los. Já temos uma lista com mais de 500 nomes e vamos avaliar caso a caso, encontrando soluções específicas para eles. Não existe uma solução única para todos. O objetivo é conversar com o contribuinte e encontrar uma solução que seja favorável para ele nesse momento. Não é preciso se preocupar com a nossa visita", antecipou. Outras informações podem ser obtidas através da central de atendimento da Secretaria da Fazenda, pelo número 0800.285.1244.
Sol traz recomeço
FOLHA DE PERNAMBUCO
“Olha, minha gente, é uma glória de Deus, achei mais um pedaço de mim. Ainda existo nessa vida”. A alegria de Quitéria Maria da Silva, 53 anos, parecia incoerente com o cenário ao seu redor. Em meio aos destroços do que um dia foi a sua rua, ela mostrava aos vizinhos, toda feliz, seus documentos que acabara de achar entre os restos de tábuas em que se transformaram os seus móveis. Na manhã de ontem, um dia bonito de sol, ela e millhares de moradores do município de Palmares se entregaram à tarefa de limpar suas casas e propriedades. Trabalho esse que parecia que não tinha fim, até porque era difícil pensar por onde começar. Depois do impacto de perceber que perderam tudo durante as fortes chuvas que castigaram há aproximadamente vinte dias a região, as pessoas pareciam ainda anestesiadas.
“Olha, minha gente, é uma glória de Deus, achei mais um pedaço de mim. Ainda existo nessa vida”. A alegria de Quitéria Maria da Silva, 53 anos, parecia incoerente com o cenário ao seu redor. Em meio aos destroços do que um dia foi a sua rua, ela mostrava aos vizinhos, toda feliz, seus documentos que acabara de achar entre os restos de tábuas em que se transformaram os seus móveis. Na manhã de ontem, um dia bonito de sol, ela e millhares de moradores do município de Palmares se entregaram à tarefa de limpar suas casas e propriedades. Trabalho esse que parecia que não tinha fim, até porque era difícil pensar por onde começar. Depois do impacto de perceber que perderam tudo durante as fortes chuvas que castigaram há aproximadamente vinte dias a região, as pessoas pareciam ainda anestesiadas.
Maria Quitéria morava com mais três filhos e seu marido em uma casa nas proximidades da beira do rio Una. A água chegou ao teto do segundo andar da casa da sua vizinha, onde ela havia guardado alguns de seus eletrodomésticos. Não sobrou nada. Quando ela e seus familiares começaram a limpar o lugar, a segunda cheia da semana passada insistiu em tomar de lama o lugar. “Desde 2000, na outra grande cheia que teve, a gente tem que viver com esse tipo de situação. Não aguento mais. Se Jesus Cristo tiver misericórdia de mim e me der quatro pedaços de pau e um lona enrolada, não volto mais aqui”, declarou ela, que está alojada na casa da sogra do seu filho e vivia, além da aposentadoria, da venda de confeitos em uma carrocinha.
Nas ruas, tudo o que se pode imaginar é encontrado no meio da lama. Pessoas passeiam pelas vias ainda espantadas, tirando retratos das construções que foram abaixo, olhando as fotografias que se espalham pelos montes de entulho que cobrem as ruas, e que expostas, contam para transeuntes as histórias de vida de famílias que perderam as suas lembranças. Sapatos, roupas, restos de alimentos, bijuterias, eletrodomésticos, brinquedos, livros, móveis. Tudo pode ser encontrado nas calçadas.
Mesmo assim, uma esteira de corrida que foi arrastada pela força das águas por mais duzentos metros conseguia chamar atenção. Ela fazia parte de uma academia de ginástica que pertencia à fisioterapeuta Simíramis Botelho, 53 anos, e a sua filha, a professora de educação física Ana Carolina Botelho, 26. O telhado e algumas paredes foram completamente arrancados e em uma de suas vigas ainda estava pendurada uma pequena mesa que ficou presa na estrutura. Elas sequer estimam o prejuízo. “Em uma conta rápida, perdemos um patrimônio de mais de R$ 100 mil e não acreditamos que vamos conseguir recomeçar por aqui. Nossos clientes também perderam tudo e fazer musculação, natação, hidroginástica é um luxo inalcansável por enquanto”, pontuou Carolina.
Ela morava com o marido e a filha de dois meses em uma casa em frente ao estabelecimento. Não conseguiram salvar nada além da roupa do corpo. Ela ela e o marido passaram mais um dia varrendo grossas camadas de barro escuro misturado a lodo, que botou a perder desde a coleção de DVDs dos Beatles do marido, os eletrodomésticos típicos de uma casa confortável de classe média até todo o quarto novinho em folha do bebê recém-nascido. “Isso aqui é o que mais me dói. Ver o quarto da minha filha desse jeito”, emocionou-se.
"Essa esteira era aquela em que eu ia fazer meus exercícios, minha solidariedade a Semirinha e Carol, mulheres guerreiras e batalhadoras que i rão continuar a luta pela sobrevivencia e esquecer essa tragédia''.Sei que não mais terei minha academia, mas o importante é estar todo mundo VIVO"
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Palmares recebe uma ajuda diferente
Em Palmares, Zona da Mata de Pernambuco, os moradores ainda não conseguiram voltar para casa. Mas as doações estão chegando. Na zona rural a dificuldade é maior.
Palmares tem 30 engenhos em áreas isoladas, locais a que só se tem acesso com carro de tração nas quatro rodas. Nesses engenhos, moram cerca de mil pessoas, que também perderam tudo e precisam muito de ajuda. Para socorrer essa gente, voluntários criaram uma espécie de rally solidário.
“A gente gosta de brincar no nosso 4 x 4. Mas na hora que se precisa, a gente está disponível para qualquer evento que vier”, diz o representante comercial Jiovane Tenório.
“É um desafio, mas é um desafio gratificante“ comenta o major Francisco Cantarelli, do Corpo de Bombeiro.
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Palmares está sem Passado
Duas semanas já se passaram e o prédio da Prefeitura ainda está sem água, sem luz e sem telefone. Três secretarias municipais funcionam no local e os servidores estão desnorteados, pois não sabem como salvar os documentos. Todo dia é de limpeza, mas somente o gabinete do prefeito está como antes.
No setor judiciário há caos, tanto no cartório eleitoral como no de registro civil. Ficou tudo submerso: certidões, documentos diversos. Nada sobrou para comprovar parte da história do povo de palmares.
No Fórum não há sinal de expediente. Nada de móveis, computadores nem mesmo energia. Mais de seis mil processos estavam lá, mas a lama só poupou alguns. Nenhum, entretanto, da Vara Criminal.
“Vamos fazer uma triagem pra ver o que é que pode recuperar, o que é possível recuperar. infelizmente a gente sabe que muita coisa vai ser perdida, terá que ser jogada fora porque não tem como recuperar. É muita lama”, informou Aparecida Maria Cavalcanti, secretária do Fórum.
Sem documentos, sem a lembrança do passado e sem trabalho, os moradores de Palmares se sentem sem rumo. Procuram achar um ponto para, a partir dele, recomeçar.
A cozinheira Damiana da Costa morava num bairro que foi devastado e está morando em casas de amigos: “perdi tudo, perdi meu lar. Só tenho minha vida e a do meu filho. Perdi minha casa, a cheia acabou com tudo”.
Palmares tenta sobreviver, mas o serviço na rua parece não ter fim, muito menos a angústia dos moradores
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S.O.S. VIVA MAIS !!!
Pensar que hoje é véspera de São João! Imagina que eu nem sabia que dia é hoje... a gente fica totalmente sem noção depois de uma tragédia dessas.
Estou aqui na casa de meu irmão enquanto as coisas vão se arrumando...continuo cuidando de minha tia que está cada dia mais fraquinha...ontem foi um dia difícil,fui dormir as 2 e meia da manhã , ela era só diarréia, reflexo dos dias angustiantes que passamos.
A limpeza de nossas casas é muito lenta, por não ter água ainda nas torneiras.Só se pode jogar fora os entulhos: sofá podre de lama, colchões, comidas armazenadas, quadros, livros, álbuns de nossas fotos, brinquedos, bonecas, armários, tudo isso virou uma papa de lama podre.
A vida é assim mesmo, procuro ter calma e me conformar, pois não é só a cheia que me abalou, tenho a minha tia totalmente dependente de mim em cima de uma cama. Só Deus é quem me dá forças nestes dias de pesadelo que vivo. Apesar da minha luta diária, nos momentos em que minha tia está sob o efeito de morfina , procuro conseguir alimentos e roupas e junto com Zanza, tornei a casa de minha cunhada um verdadeiro S.O.S VIVA MAIS!!!
As pessoas ligam para mim desesperadas, chorando querendo roupas , alimentos e na medida do possível , com a ajuda de meus filhos, parentes e amigos nossos, estamos recebendo donativos e distribuindo rapidamente. Agradeço de coração aos meus familiares de Recife, ao Movimentos dos Focolares,nas pessoas de Mônica e Eneida; a Nilza , mãe de meu genrinho Henrique, que não mede esforços e está fazendo uma bela campanha; a minha cunhada Valdenize que disponibilizou um carro baú para trazer para Palmares; aos amigos de Faculdade de meus filhos; enfim , a todos que estão comigo nessa luta de esperança e caridade!
Deus recompensará a todos!!!
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