Mostrando postagens com marcador enchente em Palmares-PE. Mostrar todas as postagens
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Lembranças Amargas

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Lembrar de coisa ruim não é bom... mas como não lembrar que exatamente hoje tem um ano da maior enchente que aconteceu aqui na nossa cidade?
A gente fica lembrando e analisando:  um ano se passou e o mais importante que esperamos,  são as barragens de contenção que ainda nem sairam do papel...

Depois de duas enchentes em menos de um ano, o Rio Una, que corta os municípios da Zona da Mata Sul de Pernambuco, passará por um serviço de dragagem. Nesta sexta-feira, tem início os serviços de batimetria (medição de profundidade) e geofísica, pelos quais será feito o mapeamento do fundo do rio e a identificação do material que se encontra lá.

Pelo menos isso!



Palmares enlameada

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Minha cidade em ruas inteiras alagadas e muita lama, foi o que fotografou meu amigo Denilson Vasconcelos.



estado de alerta

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Mais uma noite sem conseguir dormir...toda hora em que o celular toca o coração da gente dispara...
E foi assim a madrugada toda, nossos contatos nas cidades vizinhas que chegam enchente primeiro que a nossa, nos informam que o nível do rio está subindo considerávelmente e que devemos esperar um volume de água agora pela manhã de proporção igual a de anteontem.
Continua chovendo em todo o Estado, e devemos ficar em ALERTA MÁXIMO!
Pedimos ao pessoal que está na parte baixa da cidade, que não fique no primeiro andar,nem em casa que tenham lajes, achando que vão ficar em segurança...saiam e procurem abrigo nos bairros mais altos!
O mais importante é a nossa VIDA!

Depois da enchente

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Mais uma vez o que se vê é um caos nas partes mais baixas da cidade. Até quando vamos ter que ver essas cenas se repetirem?
Apesar de não ter sido tão violenta quanto a do ano passado, a enchente ainda fez bastantes estragos na nossa cidade. O comércio, também sofreu da incalculáveis. O que se ver são pessoas  nas portas dos supermercados a espera de alimentos estragados para matar a fome.





A chuva deu uma trégua

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Graças a Deus o nível do rio está baixando, a chuva também deu uma trégua, deixando todo mundo mais calmo...
Dessa vez as águas chegaram na esquina da minha casa, acho que foi uma enchente parecida com a do ano 2000.
Foram três dias de chuvas torrenciais e o que estava previsto segundo o LAMEPE era 50mm³. No entanto, choveu 250 mm.³
esquina da Praça Dr. Paulo Paranhos
O município de Palmares, na Zona da Mata Sul, registrou um grande volume de chuvas na noite da última segunda-feira (2) e na madrugada desta terça-feira (3). Segundo o Laboratório de Meteorologia de Pernambuco (Lamepe), nos três primeiros dias de maio já caiu 87% da chuva prevista para este mês na cidade.
Fonte: Pe360graus


» Confira as cidades que registraram chuvas hoje e o índice puviométrio de cada uma:
ZONA DA MATA
» Confira as cidades que registraram chuvas hoje e o índice puviométrio de cada uma:
ZONA DA MATA

Barreiros 55,5
Belém de Maria 157,4
Camutanga (IPA) 19,1
Chã de Alegria 82,4
Cortês 55,3
Goiana 14,0
Goiana (Usina Maravilha) 17,2
Itambé (IPA) 35,2
Joaquim Nabuco 122,8
Lagoa de Itaenga (Barragem de Carpina) 102,8
Maraial 130,0
Maraial (Usina São Luis) 131,0
Nazaré da Mata (IPA) 61,0
Palmares (IPA) 209,6
Palmares - PCD 188,0
Paudalho (Barragem de Goitá) 77,5
Paudalho (IPA) 9,2
Pombos - PCD 85,6
Quipapá 57,8
Rio Formoso (Usina Cucau) 130,0
Timbaúba (IPA) 55,0


Fonte: NE10

Enchente em Palmares

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Mais uma enchente

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A  noite foi de terror aqui em Palmares. Um temporal caiu por horas seguidas, e o pior o nível do rio começou a subir...
Uma verdadeira loucura a madrugada toda. As duas da manhã, começou uma agitação na rua.
Loucura total, todo mundo tentando tirar as coisas de casa e o pior, chovendo forte demais.
Graças a Deus conseguimos levantar os móveis e também os medicamentos da farmácia.
 Tiramos alguns medicamentos, enquanto a cidade amanhecia...mas o acesso para sair do centro já começava a ficar complicado...
A cidade está  uma loucura...todo mundo querendo levar so seus pertences para  os lugares mais altos...
Triste foi acordar a minha mãe de 84 anos e dizer a ela que estav chegando novamente outra encehente na cidade e ela tinha que sair de casa ...
Toda a minha família já está na parte alta da cidade, enfim dessa vez teremos mais sorte se Deus permitir.

Poeira Demais

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A  enorme nuvem de poeira que cobre a nossa cidade é constante por conta das construções na cidade. Em todas as ruas o que se ver é metralhas, areias e restos de entulhos das enchentes. Com isso é constante chegar em nossa farmácia pessoas com conjuntivite. O que indicamos é soro gelado e encaminhamos os clientes ao oftalmologista.
A conjuntivite é a inflamação da conjuntiva, uma membrana delgada e transparente que reveste a parede do globo ocular e das pálpebras. 

Em geral, a doença acomete os dois olhos, perdura de uma semana a 15 dias, mas não costuma deixar sequelas. A doença, que incomoda e interfere na vida social do indivíduo tem como principais sintomas:

-Olhos vermelhos e lacrimejantes; 
-Pálpebras inchadas; 
-Sensação de areia ou de ciscos nos olhos;
-Secreção;
-Coceira. 
A indicação de qualquer remédio só pode ser feita por um oftalmologista. Alguns colírios são altamente contraindicados porque podem provocar sérias complicações e agravar o quadro de inflamação. 

De uma maneira geral, quem está acometido pela conjuntivite deve redobrar seus cuidados com a higiene dos olhos e das mãos. Lavar bem os olhos e fazer compressas com água gelada - que deve ser filtrada e fervida - ou com soro fisiológico ajudam a aliviar os incômodos causados pela doença.


Viva Mais foi notícia em Sites Famosos

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 Em meio a tragédia que devastou parte da nossa cidade, fiz do meu blog um meio de ajudar . Através dele consegui doações e ajudei pessoas a saber notícias de parentes desabrigados. Diante disso fui manchete em vários sites Correio do Brasil ,  UOL ,e  IG com relatos do meu blog VIVA MAIS  sobre a enchente de junho.


Da Redação do Portal +AB
Por Anderson Melo


Minha dor é tão grande. Por querer ajudar as pessoas e não conseguir. Por ver as lágrimas de minha mãe ao saber que sua casa ainda está um horror: seu querido Piano,jóia mais valiosa que ela possui, se estragando de molho no lamaçal. Meus irmãos sem poder voltar para casa, sem ter água para limpeza e nova ameaça de abrirem as comportas da barragem . Minha tia, sofrendo numa cama com esse mal que se instalou em todas as famílias, que é o câncer, e ainda tendo que saber que não pode voltar para casa, pois pode pegar uma infecção causada pela podridão em que a cidade se encontra.” 
O relato acima é de uma moradora de Palmares. Através das palavras, dá pra sentir a angústia, o tormento, a falta de esperança que atinge os moradores da cidade da Zona da Mata Sul pernambucana, que fica a 125 km do Recife. Elas foram publicadas na internet por Teresa Cristina Aragão, em um blog (www.vivamaisviva.com). Aliás, a internet foi um dos poucos caminhos que conseguiram documentar a tragédia de forma rápida. 


 Muitos outros sites também copiaram meu depoimento.
Espero que em breve estes sites também  anunciem que Palmares está em plena transformação , com fábricas  e industrias,afinal tem tanto político brigando por voto nesta época aqui em Palmares, que acredito eles estão dispostos mesmo a trabalhar por nossa cidade.
Este é o sonho de todo Palmarense: ver nossa cidade prosperar e deletar definitivamente estes destroços da enchente em nossa memória.
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A Verdade

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Representantes de instituições financeiras e lojistas participam nesta quinta-feira de uma audiência pública com entidades de defesa do consumidor para discutir a inadimplência das vítimas das enchentes que atingiram a Zona da Mata de Pernambuco. Realizado pelo Procon estadual, o encontro será marcado para as 10h, no Hotel Luar Palace, na Rua da Palma, Centro de Palmares.
  A proposta é adotar medidas preventivas para evitar que o nome das vítimas seja negativado para que elas não fiquem impossibilitadas de ter acesso às linhas de crédito.
Participam da audiência representares do Gabinete de Crise do Governo do Estado, DPDC, MPPE, OAB-PE, Defensoria Pública, Adeccon-PE, Aduseps, Celpe, Compesa, Febraban, Banco Central, instituições financeiras, empresas de telefonia, Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL

Da Redação do DIARIODEPERNAMBUCO.COM.BR

A Verdade

E-mail enviado ao Jornal da Notícia:


Olá Aldo,

Primeiro quero parabenizar seu trabalho realizado na emissora CBN. Sou do município de Palmares/PE, fortemente castigado pelas águas do rio Una, na grande enchente que teve início no dia 18 de junho 2010.

O motivo deste email é para protestar e contestar, trecho da entrevista do Cel., cujo nome não me recordo, representante maior da CODECIPE, quando afirmou em entrevista a emissora que o desastre só não havia sido maior porque foi soado o alarme no dia 17, véspera da tragédia. Ao ouvir as palavras daquele cidadão, resolvi narrar a verdade.

Olha amigo Aldo, posso lhe afirmar com certeza, plena e absoluta, porque acompanhei e acompanho o sofrimento dessa gente desde as primeiras horas dessa catástrofe. Sou diretor da Rádio Cidade FM, que opera nesse município, e não tínhamos, até as primeiras horas da madrugada do sábado dia 19 de junho, já com o evento consumado, nenhum sinal de alerta, de autoridade alguma, sobre um possível aumento do volume das águas do Rio Una e suas conseqüências devastadoras. Se esse alerta foi soado, as pessoas de Palmares não tomaram conhecimento, porque se assim o fosse, não teriam amargado tamanho prejuízo em suas vidas e teriam salvado mercadorias, móveis, pertences e coisas de valor sentimental incalculável.

Falo com legitimidade porque permaneci, juntamente com colaboradores, no ar por mais de 40 horas, ouvindo gritos de socorro e apelos de familiares que vinham dos telefones fixos e celulares das pessoas que ficaram presas ou ilhadas sem poder sair de suas casas e familiares destes, que objetivando salvar suas vidas recorriam a rádio na tentativa de comunicar que o seu parente ou amigo havia ficado sem poder sair de sua residência ou estabelecimento comercial, tão grande era a força da correnteza que se formou pelas ruas e a violência com que as águas invadiam as ruas. Ligamos para o grupamento de bombeiros local, sem sucesso, o telefone estava ocupado infinitamente, recorremos, em muitas tentativas, a CODECIPE para comunicar o que enfrentávamos e a atendente, de voz tranqüila e suave, nos pedia calma e dizia que Recife também vivia um drama. De forma indireta, julgava normal aquela situação, enquanto, angustiados, sabíamos que várias pessoas na região perdiam suas vidas por falta de socorro ou descaso das autoridades em simplesmente monitorar o nível pluviométrico das águas que desciam pelo Una.

Basta ouvir as gravações do censura da emissora para se certificar da veracidade da narrativa acima e as horas de terror enfrentadas por essa gente que não sabe a quem recorrer para ser avisada de uma catástrofe presumível.

Chega dessa história das autoridades quererem tirar o corpo fora e se isentar da enorme culpa que tem em toda essa tragédia.

Atenciosamente
Edson Silva





Fonte: Jornal da Notícia

Cartão Postal de Palmares

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Do JC Online
Voluntários e moradores de Palmares, Zona da Mata de Pernambuco, aproveitaram o fim de semana para reconstruir. A principal praça, fortemente atingida pela enchente, recebeu tratamento de limpeza e conservação. O esforço coletivo deu novo visual ao cartão postal mais conhecido da cidade, uma das mais atingidas pelas enchentes.

Pessoas com várias profissões atenderam ao pedido da igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, que organizou o mutirão Mãos que Ajudam.






O perdão da dívida?

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Os comerciantes que perderam tudo nas chuvas que atingiram o estado no mês passado já podem respirar aliviados. A Secretaria da Fazenda informou ontem que vai prorrogar as arrecadações do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) dos meses de junho e de julho para janeiro do ano que vem. A medida, publicada ontem no Diário Oficial do estado e válida somente para esses contribuintes, pretende minimizar os prejuízos sofridos pelos pequenos comerciantes das áreas afetadas pelas enchentes. Quem perdeu o patrimônio com as chuvas pode ter as dívidas perdoadas pelo Fisco. Tudo vai depender da análise de auditores da Fazenda, que visitarão os comerciantes de 12 municípios em estado de emergência e de calamidade a partir do dia 1º de agosto. Os servidores terão até 90 dias para identificar quem está precisando mais de ajuda e que terá o imposto perdoado. 
Cobranças - As multas, por enquanto, estão suspensas. Ainda não se sabe quanto o estado deixará de arrecadar após as enchentes com o "perdão" aos comerciantes das áreas afetadas. Embora a norma seja válida para todos, as microempresas terão tratamento diferenciado. "Elas não receberão visitas dos auditores. Vamos elaborar uma abordagem especial porque nem todos perderam tudo com as chuvas. Muitos desses estabelecimentos possuem escritórios no Recife", disse o secretário executivo.
Ele ressaltou que os comerciantes regulares não precisarão procurar unidades da Secretaria da Fazenda para requerer a prorrogação das arrecadações. "Nós é que iremos procurá-los. Já temos uma lista com mais de 500 nomes e vamos avaliar caso a caso, encontrando soluções específicas para eles. Não existe uma solução única para todos. O objetivo é conversar com o contribuinte e encontrar uma solução que seja favorável para ele nesse momento. Não é preciso se preocupar com a nossa visita", antecipou. Outras informações podem ser obtidas através da central de atendimento da Secretaria da Fazenda, pelo número 0800.285.1244. 

"Aplausos ao Vento"

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Era uma vez uma cidade pequenina, cercada por seu maior rio e algumas montanhas, ela ficava situada num vale chamado "Aplausos ao Vento", esse nome poético tinha sua origem dada pelos primeiros habitantes dessa região. Segundo os mesmos, quem morasse ou estivesse por lá, podia sentir um vento suave e gostoso, bem como, observar o tremular de suas árvores gigantescas (Palmeiras) que ao bailar do vento fazia um barulho harmonioso como se estivessem dando "Palmas aos Ares". As pessoas dessa região levavam uma vida pacata, trabalhavam cultivando o campo, e também negociando seus produtos em uma feira livre ou num pequeno comércio da cidade, uma vez a cada semana. O que chamava a atenção aos transeuntes daquela pequenina cidade era que ela inspirava certa harmonia, dando um tom poético à vida. Muito tempo depois essa cidade foi chamada de "Terra dos Poetas". Assim vivia a população cotidianamente, levando sua vida tranquila, inspirada em sua própria terra. Acontece que a vida das cidades, assim como a das pessoas, não segue sempre um rumo definido ou um caminho reto. A vida tem em si seus altos e baixos, assim como aquela região tinha as suas montanhas. Tudo naquele interior seguia o seu ritmo tranquilo. Mas de repente, em meio a um inverno que parecia comum, se "assolou" sobre aquela região fortes chuvas, por vários dias e longas noites. Isso gerou uma grande enchente que desaguou no maior rio. Esse não suportando tanta água, transbordou e "brutalmente" arrasou toda a cidade. Foram momentos, horas, dias, noites desesperadoras para todos os seus habitantes... A maior parte da população prevendo o que estava por vir, aos sinais das fortes chuvas conseguiu se refugiar nas montanhas daquele vale, outra parte não teve tempo hábil ou força para fugir da morte. Infelizmente, foi uma destruição total das casas, dos animais, das plantações e da vida de muita gente... 
Ao término das fortes chuvas e ao baixar das águas, a população refugiada voltou para ver o que restara de suas casas e dos seus pertences. Diz-se que, o quadro encontrado fora tão aterrorizante que parecia não se ter mais esperança ou vida alguma para se continuar. E registra-se ainda que, embora tenham se passado décadas, as marcas da dor, mas também da esperança/recomeço estão presentes na memória e no coração daquela população. Enquanto as pessoas perambulavam em meio aos destroços do que sobrara, um jovem chamado Luís, encontrou resto de um muro, onde fora uma casa. E nesse muro estava o registro poético da alma da população, que dizia assim:

Por toda a vida
Alguns passaram e outros passarão
Livres com as aves
Malucos com os poetas
Aventureiros sem temor
Recomeçar é o segredo
Eterno da (re)construção do Ser feliz!

Luís movido pelas palavras e pelo sentimento de força que essa lhes dava, foi chamando quem encontrava e apresentando o poema um a um.

Falam os antigos que essas palavras não se foram ao vento, geraram frutos de esperança, de união e de recomeço na população... E assim juntos, pouco a pouco, foram reconstruindo suas casas, seu dia a dia e sua nova cidade que foi chamada de Palmares.


Amaro França // Diretor do Colégio Marista
diretor.janga@marista.edu.br

A Luta pela Vida

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A segunda tragédia

Depois das enchentes, moradores das cidades mais atingidas em Pernambuco e Alagoas tentam reconstruir suas vidas. Sobram desespero e desânimo, e faltam comida, luz, água e empregos

Por Bruna Cavalcanti, enviada especial a Palmares (PE)

É preciso força e coragem para caminhar pelas ruas da cidade de Palmares, Zona da Mata Sul de Pernambuco. A lama grossa e imunda invade, com um cheiro fétido, todos os caminhos por onde antes trafegavam pessoas e veículos. Em cada canto se ouvem histórias de quem perdeu tudo. Relatos de dor, drama, vazio e desânimo. 
 Por todo o centro da cidade e nas ruas mais afetadas pelas águas do rio Una, a sensação é de se estar num verdadeiro lixão. Em casas cheias de sujeira e entulhos, as pessoas tentam limpar as poucas coisas que não foram destruídas ou levadas pelas águas. Em condições desumanas e correndo sérios riscos de contraírem doenças, os palmarenses lutam como podem. Muitas vezes, tratam de fazer a limpeza com as próprias mãos, já que faltam equipamentos adequados. Precariamente, buscam retomar suas rotinas. Mas é difícil saber por onde começar.
“Isso aqui não é uma cidade, isso aqui é o inferno”, grita um morador de dentro de uma casinha. O inferno também ameaça trazer a fome. Já chegam a Palmares notícias de localidades onde os moradores só têm barro para comer. Ali, ninguém duvida: a luta pela vida está apenas começando.

 Fonte:ISTO É INDEPENDENTE

Recomeçando a Tradição

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Nossa Farmácia aos poucos vai voltando a ser a nossa querida e velha Farmácia Permanente. Meus irmãos são fortes e batalhadores e com muito trabalho reergueram o nosso ganha pão.
De tradição na cidade, nossa Farmácia pertenceu ao meu avô Genésio, depois também foi do meu pai Heitor, somos sete irmãos, dois sobrinhos e vários funcionários que estão conosco a vários anos.
Sei que meu pai e meu avô lá do alto estão felizes por ver que nossa família está cada vez mais unida e mais forte.Essa enchente só veio nos mostrar que o mais importante é a nossa Vida, naquela noite de 18 de junho , vivenciamos o quanto é valiosa e bela a nossa família. Vivemos momentos de horrores, perdemos tudo, nem o remédio de minha tia eu tinha para amenizar as dores dela. Todo o nosso estoque virou lama. Computadores, arquivos, nossos documentos , perdemos tudo na enchente.
Hoje, finalmente é dia de recomeçar...tentar esquecer desse junho trágico que nos marcou tanto.

Sol traz recomeço

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JÚLIA VERAS        
FOLHA DE PERNAMBUCO


“Olha, minha gente, é uma glória de Deus, achei mais um pedaço de mim. Ainda existo nessa vida”. A alegria de Quitéria Maria da Silva, 53 anos, parecia incoerente com o cenário ao seu redor. Em meio aos destroços do que um dia foi  a sua rua, ela mostrava aos vizinhos, toda feliz, seus documentos que acabara de achar entre os restos de tábuas em que se transformaram os seus móveis. Na manhã de ontem, um dia bonito de sol, ela e millhares de moradores do município de Palmares se entregaram à tarefa de limpar suas casas e propriedades. Trabalho esse que parecia que não tinha fim, até porque era difícil pensar por onde começar. Depois do impacto de perceber que perderam tudo durante as fortes chuvas que castigaram há aproximadamente vinte dias a região, as pessoas pareciam ainda anestesiadas.
Maria Quitéria morava com mais três filhos e seu marido em uma casa nas proximidades da beira do rio Una. A água chegou ao teto do segundo andar da casa da sua vizinha, onde ela havia guardado alguns de seus eletrodomésticos. Não sobrou nada. Quando ela e seus familiares começaram a limpar o lugar, a segunda cheia da semana passada insistiu em tomar de lama o lugar. “Desde 2000, na outra grande cheia que teve, a gente tem que viver com esse tipo de situação. Não aguento mais. Se Jesus Cristo tiver misericórdia de mim e me der quatro pedaços de pau e um lona enrolada, não volto mais aqui”, declarou ela, que está alojada na casa da sogra do seu filho e vivia, além da aposentadoria, da venda de confeitos em uma carrocinha.


Nas ruas, tudo o que se pode imaginar é encontrado no meio da lama. Pessoas passeiam pelas vias ainda espantadas, tirando retratos das construções que foram abaixo, olhando as fotografias que se espalham pelos montes de entulho que cobrem as ruas, e que expostas, contam para transeuntes as histórias de vida de famílias que perderam as suas lembranças. Sapatos, roupas, restos de alimentos, bijuterias, eletrodomésticos, brinquedos, livros, móveis. Tudo pode ser encontrado nas calçadas.


Mesmo assim, uma esteira de corrida que foi arrastada pela força das águas por mais duzentos metros conseguia chamar atenção. Ela fazia parte de uma academia de ginástica que pertencia à fisioterapeuta Simíramis Botelho, 53 anos, e a sua filha, a professora de educação física Ana Carolina Botelho, 26. O telhado e algumas paredes foram completamente arrancados e em uma de suas vigas ainda estava pendurada uma pequena mesa que ficou presa na estrutura. Elas sequer estimam o prejuízo. “Em uma conta rápida, perdemos um patrimônio de mais de R$ 100 mil e não acreditamos que vamos conseguir recomeçar por aqui. Nossos clientes também perderam tudo e fazer musculação, natação, hidroginástica é um luxo inalcansável por enquanto”, pontuou Carolina.


Ela morava com o marido e a filha de dois meses em uma casa em frente ao estabelecimento. Não conseguiram salvar nada além da roupa do corpo. Ela ela e o marido passaram mais um dia varrendo grossas camadas de barro escuro misturado a lodo, que botou a perder desde a coleção de DVDs dos Beatles do marido, os eletrodomésticos típicos de uma casa confortável de classe média até todo o quarto novinho em folha do bebê recém-nascido. “Isso aqui é o que mais me dói. Ver o quarto da minha filha desse jeito”, emocionou-se.

"Essa esteira era aquela em que eu ia fazer meus exercícios, minha solidariedade a Semirinha e Carol, mulheres guerreiras e batalhadoras que i rão continuar a luta pela sobrevivencia e esquecer essa tragédia''.Sei que não mais terei minha academia, mas o importante é estar todo mundo VIVO"

Palmares recebe uma ajuda diferente

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Participantes de rally ajudam vítimas das enxurradas no Nordeste
Palmares tem 30 engenhos em áreas isoladas, locais a que só se tem acesso com carro de tração nas quatro rodas.
Em Palmares, Zona da Mata de Pernambuco, os moradores ainda não conseguiram voltar para casa. Mas as doações estão chegando. Na zona rural a dificuldade é maior.
Palmares tem 30 engenhos em áreas isoladas, locais a que só se tem acesso com carro de tração nas quatro rodas. Nesses engenhos, moram cerca de mil pessoas, que também perderam tudo e precisam muito de ajuda. Para socorrer essa gente, voluntários criaram uma espécie de rally solidário.
“A gente gosta de brincar no nosso 4 x 4. Mas na hora que se precisa, a gente está disponível para qualquer evento que vier”, diz o representante comercial Jiovane Tenório.
“É um desafio, mas é um desafio gratificante“ comenta o major Francisco Cantarelli, do Corpo de Bombeiro.


Saindo das Enchentes

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Viajando para Recife com o coração apertado, tou levando minha tia Geraldina para ter uma assistência médica melhor, com profissionais que irão muito me ajudar nessa etapa do sofrimento dela.Tive a ajuda de Alexandre, tio de Henrique que conseguiu uma ambulância do Tribunal. Também estou sendo muito bem ajudada por todas as Focolarinas do movimento de PE. Maravilhosas irmãs em Cristo de tia.
Está difícil conseguir o Homecare para o meu apto.No caso, assistencia médica na residencia,o plano de saúde dela é uma verdadeira decepção. Por ironia do destino, minha tia está sofrende tanto agora por um plano de saúde que era o local de trabalho dela.INSS. 
Lembro que a GEAP antes era maravilhosa,no tempo de minha vó tinha direito a tudo e sempre nos melhores hospitais.Hoje, para se conseguir o direito do Homecare, que tanto ela precisa, é uma verdadeira burocracia. 
Mas eu não desisto nunca e vou até o fim...vou conseguir sim!
Nem sei o que é pior que estou vivendo:minha tia indo embora para outro plano espiritual, ou essas enchentes que como um verdadeiro tsunami, destruiram a minha Palmares.
Estou saindo da casa de meu irmão que nos acolheu da enchente,deixando com as minhas cunhadas, a missão de continuar a tarefa de distribuir os donativos arrecadados para o povo que está sofrendo de fome e sem roupa.Afinal eu fiz nesses 13 dias em que estava aqui, um verdadeiro S.O.S. Plantei a semente da caridade e solidariedade humana e agora cabe a elas continuar a missão.
Cuidar de minha tia , toma quase o meu tempo todo, mas não descansarei e continuarei a conseguir doações em Recife.

Tragédia e destruição!

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Palmares, município da Zona da Mata a 120 quilômetros do Recife.
Depois que a água da chuva e da enchente desceu, surgiu o cenário que só se imagina ver depois de uma guerra ou de um terremoto. A cidade de 56.643 habitantes está destruída.
Por todo lado há lama, lixo, animais mortos, comida podre e drama. Drama de quem perdeu absolutamente tudo. Drama de quem não contém as lágrimas. Drama de quem já não consegue chorar. De quem só é capaz de olhar literalmente para o nada e se perguntar: por onde recomeçar?
A resposta é difícil e, se realmente existir, deve estar debaixo das pedras, da terra e da sujeira.
Andar por Palmares só se for enfiando fundo os pés na lama. É humanamente necessário parar a cada esquina. Cada morador quer contar sua história, dividir sua dor. Cada um, nativo ou visitante, precisa olhar e refletir por um tempo para acreditar que  realmente aquilo tudo é verdade.
Diante de supermercados destruídos, mãos nervosas de crianças catam iogurtes na lama. Encontradas as embalagens sujas e  obviamente mal conservadas, basta lavá-las na água barrenta e pronto. Está garantantido o que, durante sabe-se lá quanto tempo, será uma refeição de luxo numa terra em que tudo está perdido.

Por Daniel Guedes




Tudo vira lama em

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Minha dor é tão grande. Por querer ajudar as pessoas e não conseguir. Por ver as lágrimas de minha mãe ao saber que sua casa ainda está um horror: seu querido Piano,jóia mais valiosa que ela possui, se estragando de molho no lamaçal.
Meus irmãos sem poder voltar para casa, sem ter água para limpeza e nova ameaça de abrirem as comportas da barragem .
Minha tia, sofrendo numa cama com esse mal que se instalou em todas as famílias, que é o cancer, e ainda tendo que saber que não pode voltar para casa, pois pode pegar uma infecção causada pela podridão em que a cidade se encontra.
 Minha dor é tão grande que quando penso nas pessoas,passando fome,com sede, sem ter onde dormir,nem onde mais morar, sinto quão pequenino somos em relação ao universo em que vivemos.Que bastou uma tromba dágua para desmonorar tudo, bastou a força das águas para destruir pontes, casas e carros.
Minha dor é tão grande por lembrar que minhas coisinhas estão lá agora, a mercer da lama: álbuns,roupas, documentos,sofá, meu computador...
 E em meio a tudo isso, tenho que me desligar desses bens materiais, estou levando minha tia para Recife, que está cada vez pior, nem sei quando volto para limpar minha casa, nem sei quando volto para trabalhar. Em primeiro lugar está ela, e vou me dedicar cada vez mais para não ve-la sofrer as dores dessa terrível doença.
É tarde da noite, a madrugada vem chegando, mas só agora é que tive um tempinho para postar.
Eu respiro Geraldina...