No Centro Social Urbano de Palmares, onde estão 42 desabrigados, um grupo se reuniu em frente à televisão na manhã de ontem para assistir a um filme que a primeira vista parecia uma obra ficcional em que uma catástrofe natural destroi mundo em poucas horas. O mote até era esse mesmo, mas as imagens não eram de nenhuma produção feita em Hollywood. O cenário foi a própria Palmares.
Uma compilação das cenas de desespero acontecidas há cerca de 20 dias no município, viraram um DVD com o nome de “Enchentes 2010 Palmares”, vendido a R$ 2 nas ruas. Questionados se não se sentiam mal revivendo a tragédia pela qual eles mesmos passaram, os espectadores garantiram que não. “É que dá uma curiosidade. Mas tem gente que prefere não ver, diz que é para não sofrer de novo”, afirmou Valéria de Lira, 37 anos.
Ali no Centro, várias famílias dividiam o almoço de domingo. Em meio a toda aquela intimidade forçada, as pessoas tentam garantir um pouco de privacidade dividindo pequenos lotes de espaço separados pelo que sobrou de pertences. As crianças que perambulavam pelo lugar, brincando entre as roupas que foram doadas e improvisando jogos, contavam o sofrimento que viveram. Bruna Stérfany de Alcântara, 9 anos, explicou que ficou ilhada junto com a mãe e os irmãos na sua residência e foi resgatada de helicóptero. “Meu pai tentou me tirar de lá nas costas dele, mas a parede deu um choque e jogou a gente para longe. Mas a hora que eu mais tive medo foi quando vi os postes pegando fogo. Foi horrível”. E o que é o pior de estar no abrigo? “Aqui é muito frio, a gente dorme no chão duro”. Já Paulo Ferreira de Silva, 7 anos, um dos mais simpáticos do grupo, o rosto cheio de arranhões, argumentou o triste motivo pelo qual ele prefere morar no abrigo do que na sua antiga casa. “Na minha casa não tinha muita comida e aqui tem!”, disse, abrindo um enorme sorriso.
Além de todos os estragos, o contato com a água das chuvas pode causar diversas doenças. A prevenção e a informação ainda são os melhores tratamentos. A Prefeitura está conscientizando para evitar que as doenças se espalhem.
Conheça as principais e saiba como se prevenir. Espalhe essa informação e faça sua parte.
E nunca se esqueça: automedicação pode ser muito prejudicial, consulte sempre um médico.
Leptospirose
Dengue
Hepatite A
Doenças diarréicas
Doenças transmitidas por alimentos (DTA)
Dicas gerais para prevenir doenças causadas pela enchente
Depois que as águas da enchente baixarem, é preciso lavar e desinfetar o chão, as paredes, objetos e roupas, com água sanitária. Faça assim: coloque de 1 copo do água sanitária para um balde com 20 litros de água limpa. Essa mistura deve ser aplicada nas superfícies enlameadas. Deixe a mistura agir por 30 minutos. Após esse período, a camada atingida pela mistura deve ser removida, e você deve repetir a lavagem quantas vezes você achar que ela é necessária.
A lavagem com água e sabão só deve ser feita depois que toda a lama for retirada. Mas atenção: só faça essa limpeza com luvas, botas ou sacos plásticos duplos nos braços e pernas.
Jogue fora os alimentos que entraram em contato com a água da enchente.
Dicas gerais para prevenir doenças causadas pela enchente
Quando acontece uma inundação, muitas pessoas acabam dividindo espaço em alojamentos. É preciso tomar alguns cuidados para não se contaminar.
Mantenha o ambiente arejado e em condições adequadas de limpeza.
Beba apenas água potável.
Tenha muito cuidado com a higiene: lave bem as mãos antes das refeições e depois de usar o banheiro.
Reforce os cuidados com o destino dos dejetos: fezes, fraldas etc. Não coma nenhum alimento que ficou na água da enchente. Avise as pessoas que elas não devem nadar ou brincar em lagos ou rios que possam estar contaminados pela enchente.
Tome cuidado com as pessoas que apresentem sintomas de infecção.
Participantes de rally ajudam vítimas das enxurradas no Nordeste
Palmares tem 30 engenhos em áreas isoladas, locais a que só se tem acesso com carro de tração nas quatro rodas.
Em Palmares, Zona da Mata de Pernambuco, os moradores ainda não conseguiram voltar para casa. Mas as doações estão chegando. Na zona rural a dificuldade é maior.
Palmares tem 30 engenhos em áreas isoladas, locais a que só se tem acesso com carro de tração nas quatro rodas. Nesses engenhos, moram cerca de mil pessoas, que também perderam tudo e precisam muito de ajuda. Para socorrer essa gente, voluntários criaram uma espécie de rally solidário.
“A gente gosta de brincar no nosso 4 x 4. Mas na hora que se precisa, a gente está disponível para qualquer evento que vier”, diz o representante comercial Jiovane Tenório.
“É um desafio, mas é um desafio gratificante“ comenta o major Francisco Cantarelli, do Corpo de Bombeiro.
Nas cidades da Mata Sul de Pernambuco atingidas pelas enchentes, ainda há muita lama nas ruas e dentro de casas e prédios públicos. No Fórum de Palmares, milhares de documentos foram perdidos. No cartório, as certidões ficaram debaixo d´água e parte da história da cidade foi embora com a enchente.
Duas semanas já se passaram e o prédio da Prefeitura ainda está sem água, sem luz e sem telefone. Três secretarias municipais funcionam no local e os servidores estão desnorteados, pois não sabem como salvar os documentos. Todo dia é de limpeza, mas somente o gabinete do prefeito está como antes.
No setor judiciário há caos, tanto no cartório eleitoral como no de registro civil. Ficou tudo submerso: certidões, documentos diversos. Nada sobrou para comprovar parte da história do povo de palmares.
No Fórum não há sinal de expediente. Nada de móveis, computadores nem mesmo energia. Mais de seis mil processos estavam lá, mas a lama só poupou alguns. Nenhum, entretanto, da Vara Criminal.
“Vamos fazer uma triagem pra ver o que é que pode recuperar, o que é possível recuperar. infelizmente a gente sabe que muita coisa vai ser perdida, terá que ser jogada fora porque não tem como recuperar. É muita lama”, informou Aparecida Maria Cavalcanti, secretária do Fórum.
Sem documentos, sem a lembrança do passado e sem trabalho, os moradores de Palmares se sentem sem rumo. Procuram achar um ponto para, a partir dele, recomeçar.
A cozinheira Damiana da Costa morava num bairro que foi devastado e está morando em casas de amigos: “perdi tudo, perdi meu lar. Só tenho minha vida e a do meu filho. Perdi minha casa, a cheia acabou com tudo”.
Palmares tenta sobreviver, mas o serviço na rua parece não ter fim, muito menos a angústia dos moradores
Ao chegar em Recife no meu apto que já estava pronto para receber minha tia, no quarto encontramos um banner presente de uma amiga dela. Era esse belo banner:
JESUS, EU CONFIO EM VÓS! Colocamos na frente da cama de tia e assim ela fica contemplando .
Acho que nunca na minha vida me senti assim: perdida num mundo de sofrimentos e tristezas.Pensar que minha casa ta lá em Palmares cheia de lama das enchentes. Roupas,movéis,deixei tudo lá e vim para Recife . Impossível ficar em Palmares.Sem recursos médicos nenhum, principalmente depois das enchentes. Se antes já não tinha atendimento médico , imagina agora.
Me vejo sozinha para cuidar de minha tia , e quando penso que vou ser amparada por algum profissional, tudo da errado,como hoje, quando liguei para um médico Psiquiatra, indicado por uma médica amiga nossa. Ele simplesmente me falou que não poderia atender minha tia no meu apto,pois tinha que marcar com a secretária dele e agendar na semana. Eu falei que ia pagar a consulta, mas ele me disse curto e grosso que não trabalhava assim. Eu respirei para não mandar ele para aquele canto, e desliguei o cel.Minha tia estava desesperada em pânico e precisava urgente ser medicada melhor.Segui minha intuição e repeti a dose do rivotril.Pronto, deu certo.
Amanhã é outro dia e quem sabe , Deus vai nos da uma mãozinha amiga e tudo vai mellhorar.
Outra médica Oncologista me falou que estou errada e que toda a responsabilidade está nas minhas costas que estou pirada de ficar com ela em minha casa desse jeito.
Eu queria saber se fosse a mãe dela se ela jogaria num Hospital.
Eu não vou jogar minha tia num quarto de hospital. Já prometi isso a ela e vou até o fim aqui no meu apto.
Eu e Zanza daremos conta dessa missão. Assim seja. AMÉM!
Viajando para Recife com o coração apertado, tou levando minha tia Geraldina para ter uma assistência médica melhor, com profissionais que irão muito me ajudar nessa etapa do sofrimento dela.Tive a ajuda de Alexandre, tio de Henrique que conseguiu uma ambulância do Tribunal. Também estou sendo muito bem ajudada por todas as Focolarinas do movimento de PE. Maravilhosas irmãs em Cristo de tia.
Está difícil conseguir o Homecare para o meu apto.No caso, assistencia médica na residencia,o plano de saúde dela é uma verdadeira decepção. Por ironia do destino, minha tia está sofrende tanto agora por um plano de saúde que era o local de trabalho dela.INSS.
Lembro que a GEAP antes era maravilhosa,no tempo de minha vó tinha direito a tudo e sempre nos melhores hospitais.Hoje, para se conseguir o direito do Homecare, que tanto ela precisa, é uma verdadeira burocracia.
Mas eu não desisto nunca e vou até o fim...vou conseguir sim!
Nem sei o que é pior que estou vivendo:minha tia indo embora para outro plano espiritual, ou essas enchentes que como um verdadeiro tsunami, destruiram a minha Palmares.
Estou saindo da casa de meu irmão que nos acolheu da enchente,deixando com as minhas cunhadas, a missão de continuar a tarefa de distribuir os donativos arrecadados para o povo que está sofrendo de fome e sem roupa.Afinal eu fiz nesses 13 dias em que estava aqui, um verdadeiro S.O.S. Plantei a semente da caridade e solidariedade humana e agora cabe a elas continuar a missão. Cuidar de minha tia , toma quase o meu tempo todo, mas não descansarei e continuarei a conseguir doações em Recife.
Palmares, município da Zona da Mata a 120 quilômetros do Recife.
Depois que a água da chuva e da enchente desceu, surgiu o cenário que só se imagina ver depois de uma guerra ou de um terremoto. A cidade de 56.643 habitantes está destruída.
Por todo lado há lama, lixo, animais mortos, comida podre e drama. Drama de quem perdeu absolutamente tudo. Drama de quem não contém as lágrimas. Drama de quem já não consegue chorar. De quem só é capaz de olhar literalmente para o nada e se perguntar: por onde recomeçar?
A resposta é difícil e, se realmente existir, deve estar debaixo das pedras, da terra e da sujeira.
Andar por Palmares só se for enfiando fundo os pés na lama. É humanamente necessário parar a cada esquina. Cada morador quer contar sua história, dividir sua dor. Cada um, nativo ou visitante, precisa olhar e refletir por um tempo para acreditar que realmente aquilo tudo é verdade.
Diante de supermercados destruídos, mãos nervosas de crianças catam iogurtes na lama. Encontradas as embalagens sujas e obviamente mal conservadas, basta lavá-las na água barrenta e pronto. Está garantantido o que, durante sabe-se lá quanto tempo, será uma refeição de luxo numa terra em que tudo está perdido.
Minha dor é tão grande. Por querer ajudar as pessoas e não conseguir. Por ver as lágrimas de minha mãe ao saber que sua casa ainda está um horror: seu querido Piano,jóia mais valiosa que ela possui, se estragando de molho no lamaçal.
Meus irmãos sem poder voltar para casa, sem ter água para limpeza e nova ameaça de abrirem as comportas da barragem .
Minha tia, sofrendo numa cama com esse mal que se instalou em todas as famílias, que é o cancer, e ainda tendo que saber que não pode voltar para casa, pois pode pegar uma infecção causada pela podridão em que a cidade se encontra.
Minha dor é tão grande que quando penso nas pessoas,passando fome,com sede, sem ter onde dormir,nem onde mais morar, sinto quão pequenino somos em relação ao universo em que vivemos.Que bastou uma tromba dágua para desmonorar tudo, bastou a força das águas para destruir pontes, casas e carros.
Minha dor é tão grande por lembrar que minhas coisinhas estão lá agora, a mercer da lama: álbuns,roupas, documentos,sofá, meu computador...
E em meio a tudo isso, tenho que me desligar desses bens materiais, estou levando minha tia para Recife, que está cada vez pior, nem sei quando volto para limpar minha casa, nem sei quando volto para trabalhar. Em primeiro lugar está ela, e vou me dedicar cada vez mais para não ve-la sofrer as dores dessa terrível doença.
É tarde da noite, a madrugada vem chegando, mas só agora é que tive um tempinho para postar.
Eu respiro Geraldina...
Apesar da previsão de Meteorologia de Pernambuco, afirmar que as chuvas não cessariam esta semana, erraram pra nossa sorte, pois o sol hoje apareceu lindo e forte,nenhuma nuvem no céu...nemhum pingo de água.
Bom para a nossa cidade que ontem amnahecu debaixo dágua. Agora é voltar a limpar as casas, tirar o lamaçal e torcer pra não chover mais com tanto afinco.
Os helicopteros não param e daqui da casa do meu irmão, vejo o movimento no ceú, esse é o único meio de acesso a Barreiros e Água Preta.
As pontes destruídas, o povo sem ter onde ficar, a fome, a lama, o caos ...
Eu, do meu cantinho, vou fazendo a minha parte e conseguindo amenizar a situação de muitos desabrigados, doando comida e roupas, que com a ajuda de meus filhos parentes e amigos, conseguimos angariar. O acesso a Caruaru pela ponte Japaranduda em Palmares já foi restabelecido. O acesso a Água Preta pela PE 96 foi restabelecido pelo Exército Brasileiro.Isso foi muito importante, pois sem essa ponte de comunicação com nossas cidades vizinhas, nada se resolve. veja o desespero da fome,na pele de quem nem tem o que comer!
Essa noite foi pavorosa, pois não dormimos. As 4 hs da manhã, eu já estava de pé. Nossa funcionária Alcione, que mora na área ribeirinha, nos ligava informando que estava monitorando o rio e que. este já havia subido bastante.
Amanhecemos com nossas casas lá na parte baixa da cidade, debaixo dágua.A previsão é de chuvas por aqui na Mata Sul.Pensar que já havíamos lavado nossa Farmácia e começando a fazer limpeza também em nossas casas,vemos novamente tudo acontecer.Passaremos todo o inverno assim nessa aflição...
Que Deus detenha logo todo esse aguaceiro e faça essas águas secarem.
O GIRO PE, site de renome de nossa cidade, está de parabéns por fazer uma cobertura brilhante noticiando em tempo real tudo o que acontece na enchente do rio una.Acompanhe minuto por minuto:
O Rio Una subiu nas últimas 24 h mais de 4 metros, devendo atingir seu pico hoje a tarde, prevendo-se um transbordo de mais de 2 metros em áreas baixas suscetíveis a enchentes.
O pesadelo voltou, mas sem a magnitude daquela sexta-feira fatídica.
A cidade que ainda estava um caos, com lixo, entulhos, rede de drenagem sem funcionar, volta ao desespero e a desesperança.
12:07h - O Centro da Cidade de Palmares está completamente alagado, cerca de 2 metros de água.
12:40h - O Nível da água começa a baixar lentamente na cidade de Palmares-PE.
12:53h - Disponibilizado Vídeo da força da água em Palmares-PE.
13:06h - Em Palmares não chove no momento.
13:53h - O Nível da água começa a baixar na cidade de Palmares-PE, não chove no momento na região Mata Sul.
15:27h - Parte da cabeceira da ponte de Japranduba localizada na saida da cidade de Palmares sentido Caruaru é arrastada pelas águas do rio Una.
16:03h- Não Chove na região Mata Sul de Pernambuco.
16:05h - Brasil abre o placa diante do Chile com gol de Ruan. GOOOOOOOOOOLLLLLLLLLLLLLL !!!!!!!!
16:16h - Em Catende-PE o nivel da água baixa rápido.
16:17h - Fim do 1º tempo do jogo Brasil 2 x 0 Chile.
Essa foi a cobertura real do dia de hoje,em clima de copa do mundo, estamos vivendo os piores dias da história de Palmares-PE
Hoje, meu Blog está fazendo 1 ano. Queria comemorar, mas devido essa catástrofe que atingiu minha cidade e minha família, não farei festa por aqui... nem tenho clima para nada,mas deixarei a primeira postagem, para relembrar o dia em que minha filha me deu esse presente. Um Blog que hoje é o meu xodó, minha alegria, e principalmente que está sendo uma porta de esperança para muitos que necessitam.
"Criei esse Blog para minha queridíssima Mãe, tendo em vista sua vontade antiga de desenvolver algo na net para expor suas ideias e contar suas experiências, podendo assim interferir de forma produtiva na qualidade de vida das pessoas. Já que as próximas postagens serão dela, nada mais justo que eu inaugure esse espaço, revelando aqui um dos segredinhos dela: 'Ela não resiste muito ao tal do fim de semana'. Mas, será que ela seguidora e incentivadora fiel de dietas está certa quando fala imperativamente : Filha, fim de semana podeeeee!!!. A verdade é que comer é algo tão prazeroso que nos momentos de descanso a gente quer mesmo é comer o que gosta, satisfazendo assim, as privações acumuladas durante toda a semana. Mas é importante atentar para o que comer, onde comer e quanto comer. Afinal de contas, comer no fim de semana o que foi proibido durante todos os dias da semana é um verdadeiro problema para seguidores de dieta e principalmente para aqueles iniciantes, que ou desistem de retomá-la na segunda feira ou voltam totalmente desestimulados e sonhando com o 'McFlurryOvomaltine' do próximo fim de semana. É importante ter em mente que os finais de semana foram criados para descansar e aproveitar, com moderação e sem exageros para não prejudicar a sua saúde. Caso esteja em regime, tente não sair dele nos fds, já que pode colocar tudo a perder.Mas, vamos combinar que um 'McFlurryOvomaltine(630kcal) ' esporadicamente não é lá tão proibido, não é mesmo Mother? kkkkkkkkk"
Não bastasse o sofrimento do nosso povo em perder todas as coisas e até a casa que morava, toda a nossa população Palmarense passa por um terrível dilema: O medo da Barragem do Prata estourar!
A semana passada, no outro dia da enchente, vivemos o maior pânico de nossas vidas , quando um boato surgiu na cidade que a barragem tinha estourado.Foi loucura total: pessoas enfartaram,todos queriam correr para o lugar mais alto da cidade,a ladeira do antigo matadouro. A ladeira de Olinda, em pleno domingo de carnaval, perdia.
Ficamos ligando para as autoridades e depois nos tranquilizamos, quando se constatou que tinha sido um "boato".
Hoje, estamos aqui apreensivos novamente.Nem sei se o pior é ver a Argentina ganhar ou esse pavor de ter de correr para não morrer afogado.
Estamos de alerta: apesar de nos sentir seguros no bairro alto que estamos, o pãnico toma conta cada vez que um celular toca...
Só sei que é horrível viver assim, temendo que a barragem do prata saia devastando tudo.
Até quando viveremos nesse horrror, ate quando teremos que viver nesse medo toda vez que chove muito nas cabeceiras dos rios que nos banham a nossa Palmares.
Consegui ficar mais calma, quando falei no Cel com o meu querido "sobrinho" Tenente Hans, falou que realmente estão sangrando a barragem e que a região baixa será atingida mais uma vez.
Ele entrou em contato com a defesa civil que está monitorando essas águas para não acontecer mais uma tragédia.
Esperamos em Deus que tudo volte ao normal em nossas vidas.
Impedir a construção de casas em áreas de risco e construir barragens que permitam às autoridades controlar a vazão dos rios em casos de excesso de chuva. Estas são as duas soluções apontadas pelas autoridades para que catástrofes como a que atingiu os Estados de Pernambuco e Alagoas no último final de semana
Segundo ele“A engenharia que resolve isso são as barragens que controlam a vazão dos rios”, disse o coronel Carlos Casanova, comandante do Corpo de Bombeiros de Pernambuco ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva na manhã desta quinta-feira, em Palmares, uma das cidades mais atingidas pelas enchentes no Estado., o governo já identificou terrenos onde serão construídos conjuntos habitacionais para as famílias que moravam nas áreas de risco em seis cidades e agora vai entrar em um processo de negociação com os proprietários. “Se não quiserem vender amigavelmente vamos desapropriar”, disse Campos.
Para o presidente Lula, impedir que as pessoas voltem a construir em áreas de risco é uma prioridade. “Isso foi uma irresponsabilidade que cometeram no passado. Se permitirmos que aconteça de novo será uma irresponsabilidade maior ainda”, afirmou.
O presidente, que prometeu incluir dar especial atenção às cidades atingidas no programa Minha Casa Minha Vida, chamou a atenção para o risco de proprietários de terras tentarem lucrar com a desgraça alheia. “Precisamos impedir a especulação imobiliária. Tem gente que nem espera o cadáver parar de se mexer e já quer ganhar dinheiro em cima”, disse Lula.
Lembro que um dia , estava mostrando meu blog a minha tia Geraldina. Precisamente uns "causos" que narro onde acontecimentos interessantes que tem se passado na nossa Farmácia ao longo do tempo. Pois bem, ela leu, achou graça ,depois me olhou bem séria e falou:
- Minha filha, você é bem maior que tudo isso, faça desse seu blog uma coisa que faça valer a pena. Que tenha uma finalidade valiosa.
Eu ri e disse : -tia ,isso aqui é a minha distração...minha válvula de escape ...
As coisas mudam, e na noite que deu a enchente, eu fiquei aacordada a madrugada toda e pensei bastante nisso;
-Vou fazer valer a pena!
Comecei a pedir doações no blog, e a resposta veio rápida.
E é isso aí gente, botei meus filhos, genro, sobrinhos, cunhada,enfim todos familiares para conseguir donativos Foram tantas pessoas que estiveram colaborando que me emocionei.
Hoje, conheci essa força ao ver chegar um caminhão de roupas, água, alimentos,sapatos, colchões...
só tenho que agradecer ao meu sobrinho Rudival , que não mediu esforços e 5 hs da manhã já estava a caminho de Palmares.
Se leram minhas postagens anteriores, verão que quando minha tia dorme sob efeitos de sedativos, eu corro e faço as cestas bãsicas e sacolas com roupinhas e mando entregar as pessoas amigas que perderam tudo.
Meus agradecimentos a TRANS META Express,uma empresa do Grupo Aragão,
BIRÔ GRÁFICO,de Henrique Tavares, aos colegas da Faculdade de Allan (UPE), a turma de mestrado da Federal de Nísia, as colegas de Amanda da UFAL, a Dra. Heronides da Adagro,que botou o pé na lama e foi até Serro Azul, a todos os amigos que colaboraram pra valer.Bjs, bjs, bjs.
O município de União dos Palmares (AL) foi devastado pela enchente.
Como num rastro de bombardeio, não restou nada ali: só lixo e tristeza
Quando a terra tremeu no Haiti, no dia 12 de janeiro deste ano, 1.200 soldados brasileiros, integrantes das Forças de Paz da ONU, já estavam lá e imediatamente passaram a auxiliar no resgate das vítimas do terrível terremoto que matou 200 mil pessoas. Na sexta-feira 18, as populações de mais de 100 cidades de Pernambuco e Alagoas não tiveram apoio nem parecido com este para enfrentar as enchentes que desabrigaram 154 mil pessoas. Os nordestinos contaram apenas com a própria sorte. No sábado, em Alagoas, havia quatro helicópteros para atender milhares de vítimas que esperavam por socorro em 59 municípios. Em Pernambuco, em cidades como Palmares, os primeiros bombeiros chegaram 28 horas depois de as pessoas terem se empoleirado nos tetos das casas para salvar suas vidas. A primeira reunião do comitê de crise que o governo federal criou para atender os dois Estados só ocorreu na tarde da terça-feira 22, quatro dias após o início das enchentes. E apenas na quarta-feira 23 o ministro da Defesa, Nelson Jobim, visitou os locais mais afetados. Atônito, ele também se lembrou dos desafortunados da América Central: “Só vi situação semelhante no Haiti.” Caos, destruição e morte. Juntos, Pernambuco e Alagoas contavam até o final da semana 50 mortos e estimavam em 150 o número de desaparecidos. Sessenta cidades haviam decretado estado de emergência e 35, estado de calamidade pública. Só em Pernambuco, 11.407 casas, mais de 2.103 quilômetros de estradas e 79 pontes foram destruídos.
O Abandono
Na Igreja de São Miguel, em Barreiros (PE), centenas de desabrigados esperam
por uma providência divina – e pela ajuda do governo federal
Palmares, município localizado a 120 quilômetros da capital Recife, está no centro da devastação. Os relatos da gente da cidade sobre o que ocorreu ali desde a manhã da sexta-feira 18 impressionam. Muitos moradores confiaram que a água não subiria tanto e se refugiaram no andar superior das casas ribeirinhas, em vez de procurar locais mais distantes. O empresário Grivaldo de Oliveira Melo, 44 anos, foi um deles. Com a esposa, cunhada, filho, sogro e sogra, ele decidiu permanecer no seu sobrado. Foram pegos de surpresa pela força das águas. “Quando vi já era tarde. Até poderia tentar nadar, mas o meu sogro, que é cardíaco, e a minha sogra, com 79 anos, poderiam não aguentar”, conta Melo. Às 20h, o primeiro andar já estava encoberto. Faltaram quatro degraus para a água chegar ao segundo piso. “A gente já não tinha mais para onde ir”, diz ele. E a ajuda não vinha. A família de Melo só conseguiu sair da casa 28 horas mais tarde, no sábado 19. Foram resgatados por um bote do Corpo de Bombeiros. No domingo 20, quando a água baixou, os moradores de Palmares perceberam que a cidade não existia mais: “É lama, entulho e mau cheiro por toda parte. Não existe mais prefeitura, bancos e no lugar da praça só há uma enorme cratera. Palmares foi varrida do mapa”, constata Melo.
A Desolação
Ninguém tem para onde ir. Em muitas cidades é difícil saber até como
iniciar a reconstrução. Moradores ainda estão marcados pelo medo
RUÍNAS
Milhares de casas desabaram e mais de 50 mil pessoas ficaram desalojadas nos dois Estados
CASA VAZIA
Em União dos Palmares (AL), uma das cidades mais afetadas, menino tenta recuperar a bicicleta
DESESPERO
Alagoanos nadam para escapar da forte correnteza que fez transbordar o rio Mundaú
CAOS E LAMA
Sem água e sem luz, as pessoas tentam se virar como podem na cidade de Branquinha (AL)
Histórias de desespero se repetiram nas mais de 54 cidades pernambucanas afetadas pelas enchentes. Em Barreiros, o psiquiatra Anchieta Caraciolo ficou ilhado no Hospital Psiquiátrico onde trabalha. “Foi uma situação terrível. Não havia luz e só escutávamos o som da água, que descia pelas ruas como uma cachoeira”, lembra Caraciolo. O hospital, que tem 107 pacientes masculinos, aos poucos foi abrigando uma população aflita. Entre as centenas de pessoas que buscaram refúgio no prédio estava Josilda Maria da Silva, 19 anos, grávida, já em trabalho de parto. Seu atendimento foi improvisado em meio ao caos e, pela primeira vez na história do hospital psiquiátrico, nasceu ali um saudável bebê de 3,5 quilos. “Ela recebeu o nome de Maísa Vitória”, diz o médico. Quando deixou o hospital no domingo à noite, Caraciolo viu o estado de calamidade da cidade: “Era um cenário de pós-guerra. Barreiros parecia bombardeada.”
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SEM REAÇÃO
União dos Palmares (AL), Palmares (PE) e a força bruta do rio Mundaú
Em Alagoas, na Zona da Mata, choveu 180 milímetros em três dias – a média histórica para todo o mês de junho, nesta região, é de 150 milímetros. Na cidade de Quebrangulo, a população começou a notar no início da tarde da sexta-feira 18 que as águas do rio Paraíba estavam subindo. A professora Rosalita Melo dos Santos, 27 anos, dava aula de reforço a alguns alunos em sua casa, enquanto sua mãe, Carmelita, 65 anos, fazia as orações diárias na moradia de vizinhos. “Às três da tarde, minha mãe chegou dizendo que o rio estava alto e que era melhor pegar algumas roupas e sair de casa”, lembra Rosalita. Exatamente uma hora depois do aviso, a enxurrada já havia invadido a casa da família. Mãe e filha não tiveram tempo de salvar nenhum pertence. “A casa toda caiu, só sobrou o muro da frente.” Foram mais de 800 pessoas atingidas na cidade. O número de mortes em Alagoas chegou a quase o dobro do contabilizado em Pernambuco, onde a tragédia começou. Uma das justificativas para tamanha devastação é o fato de os rios alagoanos serem afluentes dos pernambucanos. As águas, que já haviam transbordado nas nascentes, ganharam força pelo caminho e varreram com maior intensidade o Estado vizinho. “Quando a água chegou aqui foi como um efeito dominó, devastando cidade após cidade”, diz Luciano Barbosa, presidente da Associação dos Municípios Alagoanos. A enxurrada colocou abaixo 59 cidades, deixando mais de 70 mil pessoas desalojadas.
CENÁRIO DE GUERRA
Moradores de Quebrangulo e União dos Palmares (AL) veem que pouco sobrou das suas cidades
Sem ter como socorrer suas vítimas, Alagoas e Pernambuco dependem de donativos e precisam agora da ajuda rápida do governo federal. Mas a burocracia atrapalha tudo – tanto quanto a imprevidência. Não há preferências partidárias na lentidão do aparato estatal. O governo tucano de Alagoas, por exemplo, jamais pediu verbas federais para a prevenção de enchentes. E a distribuição deste dinheiro, boa parte nas mãos de ministros do PMDB, parece responder estritamente a interesses paroquiais. Dos R$ 70,5 milhões disponíveis para prevenção de enchentes neste ano, a Bahia, Estado do ex-ministro da Integração Nacional Geddel Vieira Lima, ficou com 58% do dinheiro, R$ 40,1 milhões. Alagoas não teve nenhum centavo e Pernambuco recebeu míseros R$ 172 mil, ou 0,24%, segundo balanço da ONG Contas Abertas. “Estes privilégios estaduais são um absurdo, uma irresponsabilidade”, diz o economista Gil Castelo Branco, da ONG Contas Abertas. “O TCU tem sido muito brando com eles.”
A principal autoridade encarregada de coordenar os trabalhos do comitê de crise, a secretária nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional, Ivone Valente, rebate as acusações. “Liberamos R$ 14 milhões para Alagoas, para os carros-pipa, no ano passado”, diz ela. “Lá, a prioridade era obra contra a seca, não era dinheiro para prever tragédias provocadas pelas chuvas.” Já o professor do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília José Oswaldo de Araújo Filho entende que a falta de planejamento é a principal causa das mortes ocorridas. “O governo poderia gastar menos e ao mesmo tempo diminuir a dor da morte e os prejuízos materiais. Mas para isso é preciso investir mais em planejamento que em remediação”, diz ele. “Necessitamos de uma política de remoção das populações nas encostas.” A mesma opinião é defendida pelo engenheiro e especialista em recursos hídricos Valmir Pedrosa, da Universidade Federal de Alagoas. Para ele, a construção de barragens nas regiões dos rios Mundaú e Una poderia resolver o problema. A cada dez anos, segundo Pedrosa, essas regiões passam por enchentes. Mas o rio Mundaú, maior responsável pelas enchentes em Alagoas, não possui uma só barragem em seu leito principal, só nos afluentes.
O presidente Lula decidiu mobilizar sete ministérios para apoiar os dois Estados. Entre as primeiras iniciativas anunciadas estão a oferta de medicamentos, distribuição de água engarrafada e alimentos industrializados de consumo imediato. Na área de infraestrutura, o governo está ligando as redes de transmissão de energia dos municípios e recompondo trechos de estradas. Começaram a ser distribuídas 80 mil cestas básicas e há um estoque de outras 100 mil para serem entregues nos próximos dias. Lula anunciou ainda a liberação de mais de R$ 600 milhões para a reconstrução das principais cidades atingidas pelas enchentes. Resta agora saber quando esse dinheiro sairá do papel e como ele será distribuído. As cidades nordestinas, ainda sem água e luz, aguardam
Se durante o dia o cenário já impressiona pela destruição, à noite, quando quase ninguém circula pelo Centro devastado, Palmares vira uma verdadeira cidade fantasma. Como apenas 10% da área atingida tem energia elétrica, depois que o sol se põe, apenas os faróis de alguns carros e máquinas e as lanternas dos vigias mostram que ainda há vida por lá. Na praça, o único ponto de luz é alimentado por um gerador.
A iluminação garante tranquilidade para uma senhora que perdeu a casa na enchente dormir num dos bancos que restaram desocupados.
Com tudo às escuras, é impossível saber onde se pisa. Sem ver direito, parece que o olfato fica aguçado e o cheiro de podre fica ainda mais forte. Basta respirar para saber que debaixo daquela lama toda há comida podre e animais mortos.
"Não haverá limites para reconstruir Palmares", disse o Presidente Lula, se emocionando ao sobrevoar a tragédia .
Lula abraçou e confortou os Palmarenses
Lula, que chegou a chorar durante a visita, foi abraçado e aplaudido pelos moradores da cidade. O presidente afirmou que o que mais o impressionou em Palmares foi a gratidão das vítimas da enchente. "O cidadão que estava ali, com o pé enfiado na lama fedida, poderia até xingar o presidente e o governador", disse Lula, que estava acompanhado do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
O que se viu nas ruas destruídas e enlameadas de nossa querida Palmares, foi pessoas que choravam e aplaudiam!
Aos gritos de "Ajuda a gente, Lula!!!ele percorreu todo o centro comercial , estarrecido com cada visão de desgraça das Praças; casas comerciais; Bancos e residências.