Recomeçando a Tradição

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Nossa Farmácia aos poucos vai voltando a ser a nossa querida e velha Farmácia Permanente. Meus irmãos são fortes e batalhadores e com muito trabalho reergueram o nosso ganha pão.
De tradição na cidade, nossa Farmácia pertenceu ao meu avô Genésio, depois também foi do meu pai Heitor, somos sete irmãos, dois sobrinhos e vários funcionários que estão conosco a vários anos.
Sei que meu pai e meu avô lá do alto estão felizes por ver que nossa família está cada vez mais unida e mais forte.Essa enchente só veio nos mostrar que o mais importante é a nossa Vida, naquela noite de 18 de junho , vivenciamos o quanto é valiosa e bela a nossa família. Vivemos momentos de horrores, perdemos tudo, nem o remédio de minha tia eu tinha para amenizar as dores dela. Todo o nosso estoque virou lama. Computadores, arquivos, nossos documentos , perdemos tudo na enchente.
Hoje, finalmente é dia de recomeçar...tentar esquecer desse junho trágico que nos marcou tanto.

O Amor de DEUS a Salvará

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Eu sei que a minha missão para com a minha tia é muito mais forte do que fazer baixar sua febre ou tentar diminuir as suas dores. Deus me preparou aos poucos e ontem a noite eu senti que eu estou aqui com ela para no momento mais difícil ajuda-la a alcançar o limiar da esperança e do amor Divino.
Eu sinto que estou forte e vou conseguir fazer deste momento o momento mágico tanto esperado por ela. SAIR ANDANDO...
ANDANDO POR SOBRE AS NUVENS...ela não senta há meses...ela não anda há meses...mas  é chegado o momento que eu espero tanto...e todas as dores passarão,todos os gritos cessarão...e um só pensamento união de todos que a amam fará esse momento lindo acontecer: ANDAR SOBRE AS NUVENS...

Meu Apelo

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Bons Espíritos, que a acompanhastes na Terra, não a abandoneis neste momento supremo. Dai-lhe forças para suportar os últimos sofrimentos por que lhe cumpre passar neste mundo, a bem do seu progresso futuro. Inspirai-a, para que consagre ao arrependimento de suas faltas os últimos clarões de inteligência que lhe restem, ou que momentaneamente lhe advenham.
Dirigi o meu pensamento, a fim de que atue de modo a tomar menos penoso para ela o trabalho da separação e a fim de que leve consigo, ao abandonar a Terra, as consolações da esperança.

"QUEM AMA MINHA TIA MENTALIZE ESSA PRECE!!! 

Viver o Momento Presente-

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Esta música é uma homenagem que meu irmão e poeta, Genésio Cavalcanti, fez para a nossa querida tia Geraldina. 
Ela achou linda, mas disse que não era "tudo isso " que ele exagerou muito. Toda a nossa família aplaudiu esse gesto de amor que Genésio demonstrou nessa inspiração musical.Escutem de olhos fechados e verão tia com seu sorriso lindo, que não morrerá jamais!

MARIA,O DOM DO AMOR
POEMA:GENÉSIO CAVALCANTI(sobrinho de Geo)
MELODIA:LINALDO
INTÉRPRETE:MARKINHOS CABRAL E MAZINHO

ESTE SORRISO FELIZ,
CONTÉM O DOM DO AMOR
TODA VIDA SEMPRE QUIS
VIVER PRA SER DO REDENTOR

SE ÉS MARIA EM CADA ORAÇÃO
 SE ÉS MARIA, SAGRADO CORAÇÃO!

UMA DÁDIVA DE DEUS
REPLETA DE CHAGAS DE AMOR
UMA VIDA TODA DEDICADA
AS OBRAS DO CRIADOR

SE ÉS MARIA EM CADA ORAÇÃO
SE ÉS MARIA,BENDITA EM AS MARIAS,
MARIA OH! VIRGEM MARIA
BENDITA ENTRE AS MARIAS

SE A CRUZ ARRASTADA
PESA MAIS QUE A CARREGADA
NÃO TEMAS JAMAIS, MARIA

ESTE POÇO DE BONDADE
TÃO FRÁGIL E TÃO FORTE
DOS AMIGOS DE TODA CIDADE
ÉS SUBLIME E ENORME

MARIA OH! VIRGEM MARIA
BENDITA SOIS ENTRE AS MARIAS

MARIA, OH VIRGEM DA PAZ
O TEU SORRISO NÃO MORRERÁ JAMAIS!

Difícil Recomeço

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Vivendo dias de pesadelo

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De repente, me vejo vivendo dois pesadelos: O das enchentes na minha cidade, e a doença de minha tia que cada vez deixa ela mais debilitada.

Sol traz recomeço

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JÚLIA VERAS        
FOLHA DE PERNAMBUCO


“Olha, minha gente, é uma glória de Deus, achei mais um pedaço de mim. Ainda existo nessa vida”. A alegria de Quitéria Maria da Silva, 53 anos, parecia incoerente com o cenário ao seu redor. Em meio aos destroços do que um dia foi  a sua rua, ela mostrava aos vizinhos, toda feliz, seus documentos que acabara de achar entre os restos de tábuas em que se transformaram os seus móveis. Na manhã de ontem, um dia bonito de sol, ela e millhares de moradores do município de Palmares se entregaram à tarefa de limpar suas casas e propriedades. Trabalho esse que parecia que não tinha fim, até porque era difícil pensar por onde começar. Depois do impacto de perceber que perderam tudo durante as fortes chuvas que castigaram há aproximadamente vinte dias a região, as pessoas pareciam ainda anestesiadas.
Maria Quitéria morava com mais três filhos e seu marido em uma casa nas proximidades da beira do rio Una. A água chegou ao teto do segundo andar da casa da sua vizinha, onde ela havia guardado alguns de seus eletrodomésticos. Não sobrou nada. Quando ela e seus familiares começaram a limpar o lugar, a segunda cheia da semana passada insistiu em tomar de lama o lugar. “Desde 2000, na outra grande cheia que teve, a gente tem que viver com esse tipo de situação. Não aguento mais. Se Jesus Cristo tiver misericórdia de mim e me der quatro pedaços de pau e um lona enrolada, não volto mais aqui”, declarou ela, que está alojada na casa da sogra do seu filho e vivia, além da aposentadoria, da venda de confeitos em uma carrocinha.


Nas ruas, tudo o que se pode imaginar é encontrado no meio da lama. Pessoas passeiam pelas vias ainda espantadas, tirando retratos das construções que foram abaixo, olhando as fotografias que se espalham pelos montes de entulho que cobrem as ruas, e que expostas, contam para transeuntes as histórias de vida de famílias que perderam as suas lembranças. Sapatos, roupas, restos de alimentos, bijuterias, eletrodomésticos, brinquedos, livros, móveis. Tudo pode ser encontrado nas calçadas.


Mesmo assim, uma esteira de corrida que foi arrastada pela força das águas por mais duzentos metros conseguia chamar atenção. Ela fazia parte de uma academia de ginástica que pertencia à fisioterapeuta Simíramis Botelho, 53 anos, e a sua filha, a professora de educação física Ana Carolina Botelho, 26. O telhado e algumas paredes foram completamente arrancados e em uma de suas vigas ainda estava pendurada uma pequena mesa que ficou presa na estrutura. Elas sequer estimam o prejuízo. “Em uma conta rápida, perdemos um patrimônio de mais de R$ 100 mil e não acreditamos que vamos conseguir recomeçar por aqui. Nossos clientes também perderam tudo e fazer musculação, natação, hidroginástica é um luxo inalcansável por enquanto”, pontuou Carolina.


Ela morava com o marido e a filha de dois meses em uma casa em frente ao estabelecimento. Não conseguiram salvar nada além da roupa do corpo. Ela ela e o marido passaram mais um dia varrendo grossas camadas de barro escuro misturado a lodo, que botou a perder desde a coleção de DVDs dos Beatles do marido, os eletrodomésticos típicos de uma casa confortável de classe média até todo o quarto novinho em folha do bebê recém-nascido. “Isso aqui é o que mais me dói. Ver o quarto da minha filha desse jeito”, emocionou-se.

"Essa esteira era aquela em que eu ia fazer meus exercícios, minha solidariedade a Semirinha e Carol, mulheres guerreiras e batalhadoras que i rão continuar a luta pela sobrevivencia e esquecer essa tragédia''.Sei que não mais terei minha academia, mas o importante é estar todo mundo VIVO"

O Dilúvio em Palmares

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DVD sobre dilúvio vira “sucesso” em Palmares
No Centro Social Urbano de Palmares, onde estão 42 desabrigados, um grupo se reuniu em frente à televisão na manhã de ontem para assistir a um filme que a primeira vista parecia uma obra ficcional em que uma catástrofe natural destroi mundo em poucas horas. O mote até era esse mesmo, mas as imagens não eram de nenhuma produção feita em Hollywood. O cenário foi a própria Palmares.

Uma compilação das cenas de desespero acontecidas há cerca de 20 dias no município, viraram um DVD com o nome de “Enchentes 2010 Palmares”, vendido a R$ 2 nas ruas. Questionados se não se sentiam mal revivendo a tragédia pela qual eles mesmos passaram, os espectadores garantiram que não. “É que dá uma curiosidade. Mas tem gente que prefere não ver, diz que é para não sofrer de novo”, afirmou Valéria de Lira, 37 anos.

Ali no Centro, várias famílias dividiam o almoço de domingo. Em meio a toda aquela intimidade forçada, as pessoas tentam garantir um pouco de privacidade dividindo pequenos lotes de espaço separados pelo que sobrou de pertences. As crianças que perambulavam pelo lugar, brincando entre as roupas que foram doadas e improvisando jogos, contavam o sofrimento que viveram. Bruna Stérfany de Alcântara, 9 anos, explicou que ficou ilhada junto com a mãe e os irmãos na sua residência e foi resgatada de helicóptero. “Meu pai tentou me tirar de lá nas costas dele, mas a parede deu um choque e jogou a gente para longe. Mas a hora que eu mais tive medo foi quando vi os postes pegando fogo. Foi horrível”. E o que é o pior de estar no abrigo? “Aqui é muito frio, a gente dorme no chão duro”. Já Paulo Ferreira de Silva, 7 anos, um dos mais simpáticos do grupo, o rosto cheio de arranhões, argumentou o triste motivo pelo qual ele prefere morar no abrigo do que na sua antiga casa. “Na minha casa não tinha muita comida e aqui tem!”, disse, abrindo um enorme sorriso.




FOLHAPE

entulhos e lama..

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Além de todos os estragos, o contato com a água das chuvas pode causar diversas doenças. A prevenção e a informação ainda são os melhores tratamentos. A Prefeitura está conscientizando para evitar que as doenças se espalhem.

Palmares recebe uma ajuda diferente

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Participantes de rally ajudam vítimas das enxurradas no Nordeste
Palmares tem 30 engenhos em áreas isoladas, locais a que só se tem acesso com carro de tração nas quatro rodas.
Em Palmares, Zona da Mata de Pernambuco, os moradores ainda não conseguiram voltar para casa. Mas as doações estão chegando. Na zona rural a dificuldade é maior.
Palmares tem 30 engenhos em áreas isoladas, locais a que só se tem acesso com carro de tração nas quatro rodas. Nesses engenhos, moram cerca de mil pessoas, que também perderam tudo e precisam muito de ajuda. Para socorrer essa gente, voluntários criaram uma espécie de rally solidário.
“A gente gosta de brincar no nosso 4 x 4. Mas na hora que se precisa, a gente está disponível para qualquer evento que vier”, diz o representante comercial Jiovane Tenório.
“É um desafio, mas é um desafio gratificante“ comenta o major Francisco Cantarelli, do Corpo de Bombeiro.


Palmares está sem Passado

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Nas cidades da Mata Sul de Pernambuco atingidas pelas enchentes, ainda há muita lama nas ruas e dentro de casas e prédios públicos. No Fórum de Palmares, milhares de documentos foram perdidos. No cartório, as certidões ficaram debaixo d´água e parte da história da cidade foi embora com a enchente.

Duas semanas já se passaram e o prédio da Prefeitura ainda está sem água, sem luz e sem telefone. Três secretarias municipais funcionam no local e os servidores estão desnorteados, pois não sabem como salvar os documentos. Todo dia é de limpeza, mas somente o gabinete do prefeito está como antes.

No setor judiciário há caos, tanto no cartório eleitoral como no de registro civil. Ficou tudo submerso: certidões, documentos diversos. Nada sobrou para comprovar parte da história do povo de palmares.

No Fórum não há sinal de expediente. Nada de móveis, computadores nem mesmo energia. Mais de seis mil processos estavam lá, mas a lama só poupou alguns. Nenhum, entretanto, da Vara Criminal.

 “Vamos fazer uma triagem pra ver o que é que pode recuperar, o que é possível recuperar. infelizmente a gente sabe que muita coisa vai ser perdida, terá que ser jogada fora porque não tem como recuperar. É muita lama”, informou Aparecida Maria Cavalcanti, secretária do Fórum.

Sem documentos, sem a lembrança do passado e sem trabalho, os moradores de Palmares se sentem sem rumo. Procuram achar um ponto para, a partir dele, recomeçar.

A cozinheira Damiana da Costa morava num bairro que foi devastado e está morando em casas de amigos: “perdi tudo, perdi meu lar. Só tenho minha vida e a do meu filho. Perdi minha casa, a cheia acabou com tudo”.

Palmares tenta sobreviver, mas o serviço na rua parece não ter fim, muito menos a angústia dos moradores

Jesus, eu confio em vós!

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Ao chegar em Recife no meu apto que já estava pronto para receber minha tia, no quarto encontramos um banner presente de uma amiga dela. Era esse belo banner:
JESUS, EU CONFIO EM VÓS! Colocamos na frente da cama de tia e assim ela fica contemplando .
Acho que nunca na minha vida me senti assim: perdida num mundo de sofrimentos e tristezas.Pensar que minha casa ta lá em Palmares cheia de lama das enchentes. Roupas,movéis,deixei tudo lá e vim para Recife . Impossível ficar em Palmares.Sem recursos médicos nenhum, principalmente depois das enchentes. Se antes já não tinha atendimento médico , imagina agora.
Me vejo sozinha para cuidar de minha tia , e quando penso que vou ser amparada por algum profissional, tudo da errado,como hoje, quando liguei para um médico Psiquiatra, indicado por uma médica amiga nossa. Ele simplesmente me falou que não poderia atender minha tia no meu apto,pois tinha que marcar com a secretária dele e agendar na semana. Eu falei que ia pagar a consulta, mas ele me disse curto e grosso que não trabalhava assim. Eu respirei para não mandar ele para aquele canto, e desliguei o cel.Minha tia estava desesperada em pânico e precisava urgente ser medicada melhor.Segui minha intuição e repeti a dose do rivotril.Pronto, deu certo.
Amanhã é outro dia e quem sabe , Deus vai nos da uma mãozinha amiga e tudo vai mellhorar. 
Outra médica Oncologista me falou que estou errada e que toda a responsabilidade está nas minhas costas que estou pirada de ficar com ela em minha casa desse jeito.
Eu queria saber se fosse a mãe dela se ela jogaria num Hospital.
Eu não vou jogar  minha tia num quarto de hospital. Já prometi isso a ela e vou até o fim aqui no meu apto.
Eu e Zanza daremos conta dessa missão. Assim seja. AMÉM!

Saindo das Enchentes

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Viajando para Recife com o coração apertado, tou levando minha tia Geraldina para ter uma assistência médica melhor, com profissionais que irão muito me ajudar nessa etapa do sofrimento dela.Tive a ajuda de Alexandre, tio de Henrique que conseguiu uma ambulância do Tribunal. Também estou sendo muito bem ajudada por todas as Focolarinas do movimento de PE. Maravilhosas irmãs em Cristo de tia.
Está difícil conseguir o Homecare para o meu apto.No caso, assistencia médica na residencia,o plano de saúde dela é uma verdadeira decepção. Por ironia do destino, minha tia está sofrende tanto agora por um plano de saúde que era o local de trabalho dela.INSS. 
Lembro que a GEAP antes era maravilhosa,no tempo de minha vó tinha direito a tudo e sempre nos melhores hospitais.Hoje, para se conseguir o direito do Homecare, que tanto ela precisa, é uma verdadeira burocracia. 
Mas eu não desisto nunca e vou até o fim...vou conseguir sim!
Nem sei o que é pior que estou vivendo:minha tia indo embora para outro plano espiritual, ou essas enchentes que como um verdadeiro tsunami, destruiram a minha Palmares.
Estou saindo da casa de meu irmão que nos acolheu da enchente,deixando com as minhas cunhadas, a missão de continuar a tarefa de distribuir os donativos arrecadados para o povo que está sofrendo de fome e sem roupa.Afinal eu fiz nesses 13 dias em que estava aqui, um verdadeiro S.O.S. Plantei a semente da caridade e solidariedade humana e agora cabe a elas continuar a missão.
Cuidar de minha tia , toma quase o meu tempo todo, mas não descansarei e continuarei a conseguir doações em Recife.

Tragédia e destruição!

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Palmares, município da Zona da Mata a 120 quilômetros do Recife.
Depois que a água da chuva e da enchente desceu, surgiu o cenário que só se imagina ver depois de uma guerra ou de um terremoto. A cidade de 56.643 habitantes está destruída.
Por todo lado há lama, lixo, animais mortos, comida podre e drama. Drama de quem perdeu absolutamente tudo. Drama de quem não contém as lágrimas. Drama de quem já não consegue chorar. De quem só é capaz de olhar literalmente para o nada e se perguntar: por onde recomeçar?
A resposta é difícil e, se realmente existir, deve estar debaixo das pedras, da terra e da sujeira.
Andar por Palmares só se for enfiando fundo os pés na lama. É humanamente necessário parar a cada esquina. Cada morador quer contar sua história, dividir sua dor. Cada um, nativo ou visitante, precisa olhar e refletir por um tempo para acreditar que  realmente aquilo tudo é verdade.
Diante de supermercados destruídos, mãos nervosas de crianças catam iogurtes na lama. Encontradas as embalagens sujas e  obviamente mal conservadas, basta lavá-las na água barrenta e pronto. Está garantantido o que, durante sabe-se lá quanto tempo, será uma refeição de luxo numa terra em que tudo está perdido.

Por Daniel Guedes




Tudo vira lama em

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Minha dor é tão grande. Por querer ajudar as pessoas e não conseguir. Por ver as lágrimas de minha mãe ao saber que sua casa ainda está um horror: seu querido Piano,jóia mais valiosa que ela possui, se estragando de molho no lamaçal.
Meus irmãos sem poder voltar para casa, sem ter água para limpeza e nova ameaça de abrirem as comportas da barragem .
Minha tia, sofrendo numa cama com esse mal que se instalou em todas as famílias, que é o cancer, e ainda tendo que saber que não pode voltar para casa, pois pode pegar uma infecção causada pela podridão em que a cidade se encontra.
 Minha dor é tão grande que quando penso nas pessoas,passando fome,com sede, sem ter onde dormir,nem onde mais morar, sinto quão pequenino somos em relação ao universo em que vivemos.Que bastou uma tromba dágua para desmonorar tudo, bastou a força das águas para destruir pontes, casas e carros.
Minha dor é tão grande por lembrar que minhas coisinhas estão lá agora, a mercer da lama: álbuns,roupas, documentos,sofá, meu computador...
 E em meio a tudo isso, tenho que me desligar desses bens materiais, estou levando minha tia para Recife, que está cada vez pior, nem sei quando volto para limpar minha casa, nem sei quando volto para trabalhar. Em primeiro lugar está ela, e vou me dedicar cada vez mais para não ve-la sofrer as dores dessa terrível doença.
É tarde da noite, a madrugada vem chegando, mas só agora é que tive um tempinho para postar.
Eu respiro Geraldina...