Certa vez ganhei um lindo colar de pérolas... Não era um simples colarzinho, era um colar que fazia inveja a qualquer uma das minhas amigas... pérolas que me enfeitavam, que me faziam sonhar, que me faziam feliz...
Tonta fiquei ao ver minha preciosa jóia fugindo de meu alcance, e de joelhos tentei alcançar cada uma delas. Uma a uma, fui apanhando...
Significavam muito para mim. Enquanto as apanhava, em meio a lágrimas recordava o quanto elas me fizeram feliz...embalaram meus sonhos e acompanharam meus segredos e suspiros mais íntimos.
Em vão tentei recuperar o mais belo e poético da jóia rara...mas como o cantar de um pássaro triste preso numa gaiola, sentia o fecho do colar remendado, sufocando minha garganta como um grito. Mais estava feliz, era o meu colar e eu conseguira recupera-lo...
Com ele sinto que recuperei as mais belas pérolas que existem. As mais raras jóias da minha vida...
Se algumas rolaram se perdendo no tempo, eram as que estavam sem brilho ...essas eu não as quero mais...
Meu colar hoje completa trinta anos... preciosas pérolas, cada uma delas representa tudo o que vivi: tristezas, alegrias, sofrimentos, angústias, conquistas, respeito, ideais...
São minhas Bodas...são minha vida...são as minhas Bodas de Pérolas...
"Tudo quanto vive, vive porque muda; muda porque passa; e, porque passa, morre. Tudo quanto vive perpetuamente se torna outra coisa, constantemente se nega, se furta à vida."
Pedras no caminho? guardo todas... com elas contruirei o meu castelo!
Fernando Pessoa bem assim me descreveu:
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Se a alma não é pequena.